"É uma conjuntura muito específica. É diferente de quando a gente fala dos festivais de Berlim e de Cannes. Claro que sempre é preciso uma articulação porque todo festival tem uma política interna. Mas não necessariamente é preciso muito dinheiro como no Oscar. É magnífico. É muito bonito. Mas eu acho bem difícil que isso comece a acontecer com frequência", avalia.
Experiência
Organizada pela Universo Produção, a Mostra de Cinema de Tiradentes deu início à sua 28ª edição na sexta-feira (24). O evento inaugura o calendário audiovisual do país e dá o tom de muitas das discussões que irão se estender por outros festivais durante o ano. Ao longo da programação, que se estende até 1° de fevereiro, serão exibidos ao todo 140 filmes, sendo 43 longas, um média e 96 curtas-metragens. São títulos de 21 estados diferentes.
Como homenageada da edição, Bruna Linzmeyer recebeu o Troféu Barroco na cerimônia de abertura. Além disso, a Mostra de Tiradentes incluiu na programação 10 filmes que fazem parte de sua carreira, entre eles os longas Baby (2024), Medusa (2021), O filme da Minha Vida (2017) e A Frente Fria que a Chuva Traz (2016) e os curtas Se Eu tô Aqui é por Mistério (2024) e Alfazema (2019).
De acordo com a atriz, é uma seleção que inclui obras com cineastas mais experientes e também com diretoras em início de carreira. "É muito bonito poder trabalhar com pessoas que têm diferentes tempos de experiência. De algum jeito me sinto também testemunha dessas diretoras, de ver as pessoas fazendo os seus primeiros filmes. Mais emocionante do que fazer filme é fazer o seu primeiro filme. Isso me emociona, me atravessa e me instiga", afirmou.
Ela destacou a qualidade de alguns trabalhos de novas cineastas e disse acreditar que o futuro do cinema brasileiro é promissor. Mas cobrou investimentos, citando iniciativas da Coreia da Sul, para impulsionar a cultura do país. "Outro exemplo é a Tailândia. O governo investe em ter restaurante de comida tailandesa ao redor do mundo. E aí a gente passa a conhecer a comida. E hoje eu tenho muita vontade de conhecer a Tailândia. É um investimento que retorna de maneira desviante".
Bruna Linzmeyer no filme A Frente Fria que a Chuva Traz/DivulgaçãoTrajetória
Bruna Linzmeyer também refletiu sobre a importância de sua trajetória na televisão. "Uma coisa legal na TV é que você filma nesta semana e na próxima está no ar. E continua trabalhando semana a semana. Eu sempre busquei ser estudiosa. Via as minhas cenas para entender o que acontecia. E as pessoas iam me ensinando também, sobre as lentes, a luz, as câmeras, os cortes. Como é um volume grande de trabalho, dá tempo de errar, de ver algo que não ficou legal e tentar de novo na semana seguinte".
De acordo com ela, a televisão funciona como uma grande escola. "E eu levo todo o aprendizado para o cinema", acrescenta. Bruna revelou ainda que está escrevendo um longa-metragem de ficção que se chamará Corupá, nome de sua cidade natal. As filmagens, inclusive, serão no município, que se localiza no interior de Santa Catarina e tem pouco mais de 15 mil habitantes. Embora declare sua paixão pela cidade, contou que foi o desejo de sair de lá que a levou para o meio artístico.
"Morar em cidade pequena é incrível e, ao mesmo tempo, é muito frustrante por estar longe das coisas que acontecem. Especialmente quando eu era adolescente, a gente não -tinha internet como hoje em dia. Também não sei se a internet mudou tanto assim a vida dos adolescentes no interior". Aos 16 anos, ela se mudou para São Paulo para estudar teatro.
"Eu já queria sair pra uma cidade grande. Eu queria muito alguma coisa que eu não sabia o que era. Pensava em ser médica, veterinária, psicóloga. Eu queria trabalhar com alguma coisa de gente. Ou com o corpo ou com a cabeça. E de algum jeito eu acabei conseguindo".
EBC