"Amor pela floresta"
Ao lembrar da companheira de luta, a atual dirigente da CPT diz que Dorothy tinha amor pelas famílias e buscava acelerar os projetos sustentáveis e os processos de demarcação de terra. “Vimos que a luta pela terra deve ser da comunidade, não de uma família específica. Deve ser no sentido coletivo”. Ela considera que os melhores resultados ocorrem quando o conjunto das famílias começa a se ver como comunidade, com um território em comum a ser garantido para futuras gerações.
Depois da morte de Dorothy Stang, conforme a colega, ficou sacramentado que é necessário fortalecer a rede de apoio e tomar medidas de prevenção. “Eu acho que uma das coisas que as comunidades aprenderam foi não expor demais uma liderança. A luta pela terra deve ser da comunidade toda”.
Um aprendizado dolorido para as comunidades que prezam pelos valores ecológicos a partir também das comunidades indígenas e quilombolas. “Nós, missionários e missionárias, como era a Irmã Dorothy, somos encantados pelo povo do campo, pelo povo que ama a terra e que ama a floresta”.
Violência presente
Segundo a Pastoral da Terra, os dados mais recentes divulgados no ano passado, referentes a 2023, mostram que ocorreram 2.203 conflitos no campo. Em 2022, foram 2.050 e em 2020, 2.130. O estado da Bahia teve o maior número,. 249, seguido do Pará, com 227.
Ainda, de acordo com o levantamento, houve 554 ocorrências de violências contra pessoas, incluindo 31 assassinatos, uma diminuição de quase 34% em relação ao ano anterior, quando foram mortas 47 pessoas no campo. O tipo de violência com mais vítimas foi a contaminação por agrotóxico, com 336 pessoas vitimadas, seguida das ameaças de morte (218), intimidação (194), criminalização (160), detenção (135), agressão (115), prisão (90) e cárcere privado (72), todos crescentes em relação a 2022.
Agência Brasil