Cinco anos após a OMS declarar a pandemia de Covid-19, especialistas avaliam os avanços e retrocessos na saúde global. A pandemia impulsionou a ciência e a cooperação, mas o negacionismo e a desinformação persistem.
A vacinação foi crucial para conter a pandemia, com o Brasil registrando o menor número de mortes por Covid-19 desde 2020. Dados do Ministério da Saúde mostram uma queda de 54,1% nos casos em 2023 em comparação com 2022, e de 93,8% em relação a 2021. No entanto, a nomeação de figuras antivacinas em cargos de saúde nos Estados Unidos causa preocupação.
"A pandemia foi controlada pela vacinação e pelo isolamento social. Onde essas medidas foram seguidas, a mortalidade foi menor." afirmou Paulo Andrade Lotufo, superintendente de Saúde da Universidade de São Paulo.
O Sistema Único de Saúde desempenhou um papel vital no combate à Covid-19, com investimentos significativos em hospitais e unidades de atendimento. Contudo, parte dessa infraestrutura foi desmontada após o pico da pandemia.
"Muitos hospitais foram modernizados para lidar com a crise, o que foi um avanço. Mas, à medida que a pandemia perdeu força, essas conquistas foram desfeitas. Então, podemos chamar isso de retrocesso? Acho que sim." questionou Eduardo Sprinz, médico do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A telemedicina expandiu-se rapidamente, levando atendimento a áreas remotas. A prática foi formalizada no Brasil em 2022, mas ainda enfrenta desafios.
A desinformação, impulsionada por figuras como o ex-presidente Bolsonaro, causou danos duradouros. O fechamento de departamentos de combate à desinformação e a retirada de investimentos da OMS também comprometem a saúde global.
"Existe uma expressão: uma vez que baratas e ratos saem dos esgotos, demora para voltarem. A pandemia escancarou a presença de pessoas com pouco apreço pela ciência e pela vida." disse Sprinz.
Especialistas alertam que o desmonte de estruturas e a falta de conscientização podem prejudicar a resposta a futuras crises de saúde pública. O caso da dengue, com o maior número de casos e mortes registrados em 2024, ilustra essa preocupação.
*Reportagem produzida com auxílio de IA