O Projeto FarmaFittos, em parceria com o Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac) do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), segue avançando em suas ações voltadas à preservação da biodiversidade e à promoção da saúde no município de Santarém. No último dia 21, a sede da Promotoria de Justiça de Santarém recebeu um encontro com diversos representantes dos poderes legislativo e executivo de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra, para discutir a implantação de um banco de germoplasma e a importância dos fitoterápicos e plantas medicinais para a saúde pública local.
O encontro teve como destaque a necessidade urgente de implantação de um banco de germoplasma para a unha de gato (Uncaria tomentosa), planta conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e que se encontra ameaçada de extinção. O projeto visa preservar essa planta e outras espécies de importância medicinal, garantindo seu uso sustentável no futuro. Ao longo do evento, foram plantadas 130 mudas de unha de gato, sendo 100 na Fazenda da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e 30 no Espaço Laudato Si, marcando um passo importante para a conservação da espécie.
O professor Wilson Sabino, coordenador do FarmaFittos, ressaltou a relevância do projeto, explicando que o banco de germoplasma será realizado em parceria com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). O projeto inclui dois tipos de bancos: o in vitro, que já está sendo implementado no projeto Maniva Tapajós, e o in vivo, que consiste no plantio de mudas para adaptação ao ambiente local e preservação da espécie.
A professora Ana Maria Soares Pereira, pesquisadora do Departamento de Biotecnologia Vegetal da UNAERP, enfatizou a urgência da preservação da Uncaria tomentosa e a importância de ter uma Farmácia Viva no município. A Farmácia Viva é um projeto que conta com a chancela da ANVISA e permite a distribuição de medicamentos fitoterápicos, proporcionando uma alternativa natural e eficaz para o tratamento de diversas doenças.
A vereadora Alba Leal, autora do Projeto de Lei n.º 3789/2023, também participou da reunião e reforçou a necessidade de aprovação do projeto que cria o Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e estabelece a Farmácia Viva em Santarém. Segundo a vereadora, a riqueza da flora amazônica, somada ao alto custo de medicamentos tradicionais, faz com que a utilização de fitoterápicos seja uma alternativa viável e eficaz para a população local.
A promotora de justiça Lilian Braga, coordenadora do Nierac, destacou a importância de sensibilizar os representantes do poder público sobre a necessidade de adotar políticas públicas baseadas em plantas medicinais e fitoterápicos. Ela ressaltou que o Ministério da Saúde dispõe de recursos para apoiar a implementação dessas alternativas de saúde, que podem beneficiar a população de Santarém com medicamentos mais acessíveis e eficazes.
O projeto FarmaFittos é resultado de uma parceria entre a UFOPA, a Arquidiocese de Santarém através da Cáritas Arquidiocesana, e as Irmãs Franciscanas de Maristella. Criado inicialmente como resposta às necessidades geradas pela pandemia de COVID-19, quando a Cáritas e as Irmãs Franciscanas perceberam o aumento de problemas como insônia e ansiedade na população, o projeto ganhou escala ao produzir medicamentos fitoterápicos a partir da Passiflora ssp. A partir daí, as ações foram ampliadas, com o objetivo de preservar plantas medicinais e promover alternativas de saúde baseadas em recursos naturais.
O FarmaFittos busca, assim, resgatar a identidade amazônida e fortalecer a conexão da população com os recursos naturais da região. Como lembrou o frei João Messias, coordenador das Pastorais Socioambientais Arquidiocesanas, o projeto é um resgate da relação do homem com a natureza, promovendo uma saúde mais orgânica e integrada ao meio ambiente.